por Miriam Nunes
O que você acharia de uma empresa que dá aos seus clientes uma pedra de aquário
como "brinde" (não é um saco de pedras, é uma só, ok?) E você?
Andaria com uma pedra de fundo de aquário pendurada no pescoço ou guardada na
carteira? Calma, pode até parecer coisa de gente maluca, como muitos devem
estar pensando. Mas acredite se quiser, conheço pelo menos meia dúzia de
pessoas do meu relacionamento que estão usando pedra de aquário como amuleto.
Antes de iniciar, gostaria de lembrar que esse não é um exemplo a ser seguido.
Cito esta história apenas para mostrar como é possível AGREGAR VALOR, até
mesmo, nas coisas mais simples fazendo o que muitos chamam de marketing.
Uma empresa que não convém mencionar o nome e nem o ramo de atuação estava com
um problema. Havia prometido um brinde especial aos seus clientes em troca de
informações para o cadastro (o famoso mailling).
Como o número de pessoas cadastradas superou as expectativas surgiu o impasse:
sairia muito caro dar o presente pensado inicialmente.
Então, o departamento de marketing tinha que fazer o milagre da multiplicação.
Com a mesma verba (prevista no início) "criar" um brinde para todos
os clientes cadastrados. Isso dava algo como R$ 0,20 (vinte centavos) por pessoa!!!
Depois de pensarem nas soluções mais bizarras, alguém deu a idéia de comprar
alguns sacos com pedras para fundo de aquário e distribui-las. Ainda sobraria
dinheiro.
Mas quem gostaria de ganhar uma pedrinha de fundo de aquário?_ você deve estar
se perguntando. Resolvido o primeiro problema (o que dar) eles ainda precisavam
resolver o segundo: COMO AGREGAR VALOR A UMA PEDRA?
Primeiro embrulhando-a para presente. Com o dinheiro que sobrou compraram cetim
amarelo (psicologia das cores: amarelo lembra ouro) e mandaram uma costureira
fazer saquinhos, destes que são amarrados na parte de cima como nas embalagens
de jóias. Ok, mas ao abrir o tal saquinho o cliente ainda encontraria uma
simples pedra de aquário, não?
A solução foi pegar carona no misticismo. Alguém criou uma história que a pedra
foi trazida de um lugar distante onde viveram as civilizações antigas e onde o
povo a usava como talismã, pois acreditava que ela protegia o seu detentor
contra a inveja. O texto foi impresso num cartãozinho e enviado junto com o
saquinho.
Tudo com o logotipo e endereço da empresa.
Analisando a reação de quem recebeu. Primeiro viu a embalagem, depois ficou
curioso em abri-la, leu o cartãozinho (preso à fita amarrada ao saquinho),
quando finalmente viu o "brinde", o cliente não enxergou uma pedra de
aquário. Aquilo já tinha o valor de um amuleto ou, para os menos
supersticiosos, de uma pedra trazida de uma cultura antiga. Enfim, ainda hoje
encontro pessoas que mandaram pendurar a pedra numa corrente, usam-na no fundo
da bolsa ou na carteira.
Se pararmos para pensar veremos que são muitas as "pedras de
aquários" que nós consumimos. Por que tomamos um xarope de cola que
destrói os ossos? Por que algumas madames gastam verdadeiras fortunas para
comprar um pedaço de pano na Daslu? Por que jantamos no restaurante A?
Por que queremos ter o carro da marca X? Por que contratamos o fulano e não o
sicrano? Como entender que embora muitos dos similares destes serviços/produtos
sejam mais baratos - e em alguns casos até melhores - as pessoas continuem
desejando-os? A resposta é simples: eles possuem "valor agregado" a
sua imagem.
Para os céticos que ainda duvidam das estratégias desenvolvidas pelos
profissionais de comunicação e marketing, fica aqui este exemplo. É melhor
acreditar neles e na capacidade deles agregarem valor ao seu produto que ficar
como muitas pessoas que conheço: agarradas num "talismã" contra a
inveja e acreditando no "poder" da pedra de aquário.
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